Quando a taxa Selic está baixa e a inflação está alta, a renda fixa deixa de valer a pena. Nesse cenário, as aplicações que se destacam são as da renda variável. No entanto, tudo tem seus pontos positivos e negativos.
O potencial de rentabilidade maior implica aumento dos riscos. Por isso, a renda variável não é indicada para todos os perfis de investidores.
Para tomar a decisão certa, é importante conhecer suas características e seu funcionamento. Por isso, vamos explicar melhor essa categoria de investimentos. Confira.
O que é renda variável?
A renda variável é uma classe de investimentos com retorno imprevisível. Portanto, há alta volatilidade. Assim, a remuneração varia de acordo com as condições do mercado.
O objetivo dessa modalidade é justamente ganhar com a valorização dos ativos. Porém, não há certeza de que isso acontecerá e quanto tempo levará.
Além disso, os investimentos na renda variável implicam a entrada no capital do emissor de forma direta ou indireta. Por exemplo, ao comprar ações, você se torna acionista da empresa.
Dessa forma, sua expectativa é o crescimento do negócio. Afinal, isso levará ao aumento do valor das ações.
Quais são os tipos de investimentos na renda variável?
Essa categoria de aplicações financeiras abrange diferentes produtos. Todos têm remuneração variável, mas suas características são diferentes. Entenda melhor.
Ações
Representam a menor parte do capital de uma empresa. As ações são negociadas na bolsa de valores. Quem as compra se torna sócio da companhia.
Os lucros vêm de três formas:
- distribuição de dividendos: provém do lucro obtido. A empresa é obrigada a repassar 25% ou mais;
- juros sobre capital próprio (JCP): são outra forma de distribuição dos lucros. A diferença é que são considerados despesas nos relatórios contábeis. Assim, o investidor precisa pagar 15% de Imposto de Renda (IR);
- valorização dos papéis: é possível vender as ações conforme os resultados da companhia. Se você comercializar por um valor mais alto do que comprou, obtém lucro.
Fundos imobiliários (FIIs)
Os fundos de investimento imobiliários reúnem diferentes investidores para investir no mercado imobiliário. Pode ser em papéis ou em propriedades, como galpões logísticos e lajes corporativas.
O rendimento obtido com as vendas ou a locação dos imóveis é distribuído entre os investidores. Os FIIs fazem parte da renda variável, porque suas cotas oscilam na bolsa de valores.
Exchange Traded Funds (ETFs)
São os fundos de índice. Eles negociam suas cotas na bolsa e replicam a composição de um indicador financeiro. Por exemplo, o IFIX ou o Ibovespa.
A vantagem é a possibilidade de investir em uma carteira similar a uma das referências do mercado. Além disso, há diversificação. Afinal, o ETF é formado por várias ações.
Outro ponto positivo é a cobrança de taxas. Elas tendem a ser mais baixas do que os fundos de ações. A negociação no pregão varia entre 0,05% e 0,69% ao ano.
Opções
É uma espécie de contrato que fornece o direito de compra ou vender um ativo em data futuro por um preço predefinido. Por isso, pode ser usado como hedge, ou seja, proteção dos investimentos.
No entanto, as opções podem ser negociadas sem esse objetivo. Assim, os ganhos são derivados do sobe e desce dos preços.
Câmbio
Consiste em investimentos baseados em moedas. Como a referência costuma ser o dólar, tende a proteger o patrimônio de possível oscilações. Ainda ajuda a diversificar a carteira.
O investimento em câmbio pode ser realizado de diferentes formas. Algumas delas são:
- fundos cambiais: têm 80% ou mais do seu patrimônio em ativos relacionados a moedas. Os maiores riscos são a oscilação de preços e a variação do cupom cambial, que consiste na taxa de juros em dólares no Brasil;
- contratos e minicontratos futuros de dólar: são negociados na bolsa de valores. Consistem em acordos de compra e venda de moeda;
- Certificados de Operações Estruturadas (COEs): mistura renda variável e fixa em um conjunto de ativos. Por isso, é mais diversificado.
Contratos futuros
São negociados na bolsa de valores. Consistem em contratos de ativos variados. Têm preço predeterminado e são vendidos ou comprados em uma data futura.
Abrange vários ativos, como commodities, Ibovespa, S&P 500 e mais. Os contratos são padronizados, mas sofrem reajustes diários. Assim, se o investidor teve perdas em um dia, precisa compensar com um depósito.
Fundos de investimento
Há muitas variedades, mas os fundos de ações são os mais comuns da renda variável. Outra possibilidade são os multimercado. Nesse caso, o investimento tem vários ativos. Isso aumenta a diversificação.
Criptomoedas
São aplicações mais recentes. As moedas virtuais são negociadas via corretoras especializadas. O maior exemplo é o bitcoin.
Além disso, você pode investir em criptomoedas por meio de fundos. A Comissão de Valores Mobiliários (CVM) permite realizar aplicações indiretas. Nesse caso, ocorre por meio de cotas de outros fundos ou de derivativos no exterior.
Quais são os riscos da renda variável?
Os investimentos em renda variável são mais arriscados. Isso porque eles sofrem alta volatilidade. Portanto, há possibilidade de prejuízos serem registrados.
Por outro lado, também há potencial de grande valorização. Assim, essa categoria de investimentos é mais indicada para o longo prazo. Desse modo, qualquer perda pode ser compensada com o passar do tempo.
Ainda assim, a renda variável conta com muitos traders. Eles adotam estratégias de curto prazo. Algumas podem durar apenas alguns minutos ou horas. Essa é a chamada especulação e implica ainda mais riscos.
Quais fatores interferem nos ganhos da renda variável?
O aumento ou a queda dos preços dos ativos da renda variável depende de vários fatores. Entenda quais são os principais.
- Empresa: a gestão, o lançamento de produtos ou serviços e os resultados financeiros de uma companhia afeta o preço das ações.
- Economia do Brasil: o bom andamento da economia leva à valorização dos ativos. O inverso também acontece.
- Taxa de juros: os juros baixos tendem a estimular o consumo. Com isso, costumam incentivar os investimentos na renda variável.
- Inflação: o aumento descontrolado dos preços impacta a economia e prejudica as empresas. Por isso, também interfere na rentabilidade da renda variável.
- Câmbio: a oscilação das moedas afeta a performance das empresas, especialmente nos processos de comércio exterior.
- Expectativas de mercado: os próprios investidores podem levar à oscilação dos preços. Se eles estiverem animados, o preço tende a aumentar e vice-versa.
Quem deve investir na renda variável?
A renda variável é mais indicada para quem tem perfil de investidor arrojado. Assim, a pessoa tem alta tolerância a riscos. Além disso, costuma ter mais conhecimento sobre o mercado.
Por sua vez, quem tem perfil moderado ou conservador também pode investir nessa modalidade. No entanto, é preciso cuidar para ser uma menor parte da sua carteira de investimentos.
Assim, você alcança o equilíbrio necessário. Ainda reforça a diversificação. Ou seja, é possível potencializar os ganhos e diminuir os riscos.
Enfim, a renda variável é uma boa oportunidade de investimento. Basta entender como ela funciona e como reduzir os riscos. Aproveite e invista na sua educação financeira lendo outros artigos do Funds Explorer.