Finanças do Mercado Imobiliário

Conheça o funcionamento do contrato atípico nos FIIs

Conheça o funcionamento do contrato atípico nos FIIs

Ao investir em fundos de investimento imobiliários (FIIs), a operação pode ser regida por um contrato atípico. Apesar desse nome, ele pode trazer alta segurança e boa rentabilidade para os investidores.

Isso porque o contrato atípico contém cláusulas diferentes. Assim, é possível se proteger da vacância, da inadimplência e de revisionais negativas. Afinal, todos esses fatores podem interferir na rentabilidade da aplicação financeira.

Como isso acontece? Vamos explicar melhor a partir de agora. Confira!

O que é um contrato atípico?

Nos fundos imobiliários, o contrato atípico é aquele que não possui previsão legal mínima para regulação. Porém, ele é válido e está previsto no artigo 425 do Código Civil.

Na prática, o contrato é atípico quando tem cláusulas e termos diferentes dos acordos comuns. Entretanto, ainda segue a legislação. Esse instrumento é muito utilizado entre locatário e locador, inclusive, nos empreendimentos construídos sob o modelo built to suit.

Assim, a empresa que precisa de um imóvel com características específicas procura um proprietário e oferece o aluguel do ativo sob condições incomuns. No entanto, é preciso que o locador faça as modificações exigidas pelo locatário. Caso contrário, o contrato atípico deixa de ser firmado.

Quais são as principais características?

Ainda que o contrato seja atípico, alguns aspectos tendem a ser padronizados neste instrumento. Eles fazem parte da própria condição da negociação, que prevê cláusulas e termos diferentes do padrão.

Assim, as principais características desse modelo são:

  • Prazos longos: geralmente superiores a 5 anos de duração;
  • Ação revisional inexistente: ambas as partes deixam essa possibilidade para trás, o que é positivo em cenários de crise mas, por outro lado, é ruim para um contexto de baixa vacância, em que seria possível obter rendimentos mais altos;
  • Multa de todos os aluguéis futuros pendentes, sempre trazidos ao valor atual;
  • Reajuste anual vinculado a um indexador. Geralmente, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) ou o Índice Geral de Preços de Mercado (IGPM).

Exemplos de contrato típico e atípico

Como explicamos, os contratos atípicos são aqueles cujas cláusulas fogem do padrão. Mas como identificar, então, quais são contratos típicos e quais são contratos atípicos?

Reconhecer os dois tipos de contratos não é uma tarefa difícil, tendo em vista que qualquer contrato que esteja previsto no código civil é um contrato típico. São exemplos:

  • Prestação de Serviço;
  • Seguro;
  • Compra e Venda;
  • Troca;
  • Doação;
  • Permuta;
  • Jogo;
  • Aposta.

Enquanto isso, exemplos de contratos atípicos são:

  •  Joint Venture;
  • Mediação;
  • Cessão de clientela;
  • Hospedagem;
  • Estacionamento;
  • Locação comercial em Shopping Center.

Contrato atípico x built to suit: quais as diferenças?

Na realidade, esses dois termos são sinônimos. O built to suit é um contrato atípico. Isso porque seus termos e cláusulas são diferentes dos acordos comuns. Eles envolvem:

  • Foco no longo prazo;
  • Um imóvel ou empreendimento que foi construído ou personalizado sob medida para as necessidades do locatário.

Vale a pena observar que a realização das personalizações exige um investimento elevado. Por isso, o contrato precisa ter cláusulas atípicas para proteger o proprietário.

Ao mesmo tempo, a operação também é atrativa para o locador. Especificamente, para os FIIs com ativos nesse modelo.

contrato-atipico

Qual é o melhor tipo de contrato para quem pretende investir em FIIs?

Considerando os prós e contras dos dois modelos, é comum que os contratos atípicos sejam mais atrativos para investidores de FIIs — sobretudo para os que visam resultados em médio ou longo prazo com as aplicações.

A previsibilidade em relação ao pagamento dos aluguéis e o risco reduzido de vacância nos imóveis são características que tornam esse tipo de investimento vantajoso. 

No entanto, claro, é preciso ter em mente que o longo prazo também tem o potencial de trazer algumas consequências negativas: o inquilino pode deixar de pagar os aluguéis no vencimento, por exemplo, o que ocasionaria o início de uma demorada ação de despejo.

Mesmo com as possíveis desvantagens, os contratos atípicos tendem a ser mais benéficos quando se trata de FIIs. Tudo depende de uma junção de fatores que determinam a qualidade do Fundo e dos ativos em si.

Como analisar os contratos dos Fundos Imobiliários?

Conhecendo o funcionamento das duas modalidades, tenha em mente que é sempre importante analisar os contratos antes de investir em FIIs.

Não existe uma obrigatoriedade que faça com que os Gestores precisem contar com apenas uma modalidade. Sendo assim, o primeiro ponto é entender, junto aos locatários, qual é a composição contratual do FII e o modelo empregado.

Além disso, é importante checar as datas de validade. Os contratos atípicos costumam ter longas durações, porém, isso não é regra: um FII pode ser atrativo à primeira vista por conter contratos atípicos, mas você não quer investir para descobrir que todos vencem em menos de um ano, por exemplo.

Por último, mas nunca menos importante: contratos de longa duração precisam de bons locatários. Certifique-se de que a empresa não está passando por uma crise, por exemplo, e se previna de riscos relacionados à vacância e/ou à inadimplência.

Quais são as vantagens desse tipo de contrato?

Os principais benefícios ao optar por fundos imobiliários com contratos atípicos são:

E quais são os riscos?

Os contratos atípicos também apresentam alguns riscos. Entre os principais, estão:

  • Aluguéis caros devido, à personalização necessária do imóvel;
  • Maior chance de deterioração financeira do inquilino, por conta do longo prazo do contrato. Assim, ele pode deixar de pagar o aluguel e as multas, que são elevadas;
  • Vacância ao final do contrato, porque os imóveis são personalizados.

Assim, é uma boa alternativa firmar um contrato atípico. No entanto, é importante considerar todas as suas características e, assim, evitar os riscos. Além disso, vale a pena sempre investir na diversificação da carteira.

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    Jacinto Neto
    Jacinto Neto Analista CNPI e sócio do Funds Explorer
    Formado em administração pública pela FGV-SP, mestre em Finanças e Controladoria pela FIPECAFI, analista CNPI e sócio do Funds Explorer. Possui experiência maior que 5 anos, trabalhando com estratégia de investimentos, planejamento e modelagem financeira, além de análise de fundos de investimento imobiliário.

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