Mercado Financeiro

Circuit breaker: entenda o mecanismo de proteção da bolsa de valores

Circuit breaker: entenda o mecanismo de proteção da bolsa de valores

Em 2020, a bolsa de valores brasileira, a B3, acionou 6 vezes o circuit breaker. Isso foi um sinal de problemas. Afinal, a economia estava sendo impactada pela pandemia do coronavírus.

Assim, quem tem interesse no mercado financeiro quis entender o que é circuit breaker. De modo simples, é um mecanismo de proteção. No entanto, existem vários detalhes a conhecer.

Por isso, vamos explicar melhor o que é circuit breaker e por que é importante para o mercado. Continue lendo!

O que é circuit breaker?

O circuit breaker é uma ferramenta de segurança da bolsa de valores. Ele é acionado somente quando o preço das ações sofrem quedas significativas. Portanto, ativá-lo é um evento incomum.

O objetivo desse mecanismo é evitar a volatilidade excessivo e acalmar o mercado. Isso é feito por meio da interrupção das negociações por determinado período.

Nesse intervalo, costuma ser feito o balanceamento do mercado. Ou seja, as ordens de compra e venda são equilibradas. Assim, a queda é suavizada e o mercado retoma seu ritmo normal.

É importante lembrar de que tudo isso envolve os investidores. Isso porque evita que eles saiam e tenham prejuízos significativos. Até mesmo porque a saída repentina prejudica os movimentos da bolsa.

Em suma, o mecanismo de circuit breaker evita o pânico e o descontrole. Com a interrupção das negociações, é possível:

  • arrefecer os ânimos;
  • trazer a racionalidade de volta;
  • retomar as negociações normalmente.

Como funciona a interrupção das negociações na bolsa?

A paralisação das operações no mercado financeiro só acontece a partir de regras específicas. Portanto, o circuit breaker não é acionado a qualquer momento.

Ele só pode ser utilizado em 3 situações. Todas se referem a quedas do índice da bolsa, o Ibovespa. Cada uma delas tem características específicas. Entenda.

Queda de 10% do Ibovespa

Esse é o primeiro momento em que acontece a interrupção das negociações. É preciso que a queda de 10% seja relativa ao valor de fechamento do pregão anterior. Quando isso acontece, a B3 suspende as operações por 30 minutos.

Queda de 15% do Ibovespa

Após a paralisação de 30 minutos, o mercado retoma as negociações. No entanto, se o ritmo ainda não retoma o passo normal, um novo circuit breaker é acionado.

Isso acontece ao acumular 15% de queda no Ibovespa. Ao acontecer isso, a paralisação permanece por 1 hora.

Queda de 20% do Ibovespa

Depois de ficar mais 1 hora parada, a bolsa retoma as negociações. Se esses dos períodos iniciais ainda forem insuficientes, há uma nova interrupção.

Dessa vez, é preciso haver o registro de uma queda de 20%. Assim, a B3 informa um novo prazo de reabertura. Portanto, não existe um período predefinido.

A imagem tem vários números escritos em porcentagem com setas para cima e para baixo mostrando a volatilidade da bolsa de valores, que gera o circuit breaker em caso de queda expressiva

Em todos esses casos, a base é a operação diária. Portanto, o circuit breaker vale somente para o pregão atual. O anterior é apenas a referência para o índice de queda.

Por exemplo, no dia 18 de março de 2020, o circuit breaker foi acionado pela 6ª vez no mês. No entanto, essa foi a primeira vez do dia. Portanto, valem as regras da queda de 10%.

Ainda existem outros detalhes importantes. Eles são:

  • os circuit breakers não podem ser acionados nos 30 minutos finais do pregão, logo antes do fechamento;
  • se a interrupção acontecer na última hora do pregão, no dia seguinte pode ser realizada uma paralisação extra, de 30 minutos.

Qual é o histórico do circuit breaker?

Até 2021, esse mecanismo de proteção foi acionado 24 vezes. Em todos os casos, houve alguma crise política, econômica ou sanitária, que levou à derrubada do mercado. Veja quando a ferramenta circuit breaker foi acionada:

  • 1997, devido à crise asiática;
  • 1998, por conta da crise russa;
  • 1999, como resultado do câmbio flutuante;
  • 2008, derivado da crise do subprime nos Estados Unidos;
  • 2017, devido à divulgação de áudios entre o então presidente Michel Temer e Joesley Batista, da JBS;
  • 2020, como resultado da pandemia do coronavírus e de quedas no petróleo.

Portanto, os mais recentes aconteceram em 2020. Esse também foi o período mais complicado. A seguir, listamos as datas desses eventos no ano e a queda do Ibovespa no fechamento do pregão em cada ocasião.

  • 09/03/2020: foi acionado uma vez. O Ibovespa encerrou o pregão com queda de 12,17%;
  • 11/03/2020: foi acionado uma vez. O encerramento do pregão registrou uma redução de 7,64% no Ibovespa;
  • 12/03/2020: foram realizadas duas interrupções. O pregão foi encerrado com uma queda de 13,91% no índice da bolsa;
  • 16/03/2020: teve um acionamento. No final, o Ibovespa registrou queda de 13,92%;
  • 18/03/2020: foi a última vez que o circuit breaker foi acionado. O pregão fechou com queda de 10,35% do Ibovespa.

Portanto, o circuit breaker é um mecanismo importante. Ele protege investidores e a própria bolsa.

Por isso, também é usado em outras Bolsas mundiais. Entre elas, NYSE e Nasdaq. Assim, entender o circuit breaker é fundamental. Afinal, é uma forma de você proteger seu dinheiro.

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    Jacinto Neto
    Jacinto Neto Analista CNPI e sócio do Funds Explorer
    Formado em administração pública pela FGV-SP, mestre em Finanças e Controladoria pela FIPECAFI, analista CNPI e sócio do Funds Explorer. Possui experiência maior que 5 anos, trabalhando com estratégia de investimentos, planejamento e modelagem financeira, além de análise de fundos de investimento imobiliário.

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