Hedge é sinônimo de proteção. O mercado financeiro utiliza essa estratégia para reduzir os riscos. Porém, é preciso conhecê-la para aplicá-la da forma correta.
Isso porque o hedge consiste em limitar os preços dos ativos. Como isso funciona na prática? Como fica o lucro nesse tipo de operação? Vamos responder essas perguntas a partir de agora. Acompanhe.
O que é hedge?
O hedge é uma estratégia de investimentos que protege os valores dos ativos expostos à alta volatilidade. Para isso, define-se um preço futuro com base na cotação atual do mercado.
O objetivo dessa estratégia de investimentos é neutralizar a posição comprada ou vendida. Quem a adota para seus investimentos chama-se hedger.
O método surgiu no mercado de commodities agrícolas. O Chicago Board of Trade (CBOT) o criou para a pré-fixação do preço das sacas de milho, soja, trigo e outras. Assim, foi possível evitar prejuízos em caso de queda repentina do valor das mercadorias.
Apesar disso, o Conselho Monetário Nacional (CMN) regulamenta a prática. No entanto, somente pode-se aplicar para real proteção da empresa ou do investidor. Em outras palavras, a estratégia nunca deve ser utilizada com objetivos especulativos.
Por que a estratégia é importante?
O investidor que se posiciona dessa forma busca proteger seus investimentos, não lucrar. Parece estranho, mas o propósito é evitar perdas derivadas da volatilidade.
Isso porque uma variação muito significativa tem potencial para trazer um rombo no patrimônio. Assim, o hedge gera tranquilidade, estabilidade e segurança nas operações.
Como funciona?
Um contrato de hedge fixa o valor da mercadoria, título, ação ou taxa cambial. Esse valor deveria ser cumprido ao entregar ou efetivar a venda. Assim, ainda que ocorra uma desvalorização na bolsa, o valor de referência permanece.
É importante observar que essa estratégia também impede a conquista de lucros maiores derivados da variação dos preços. Portanto, essa é uma opção para quem tem perfil de investimento conservador.
Atualmente, existem duas formas principais de aplicar a estratégia de hedge. Elas são:
- travar o preço do ativo para negociação futura. Isso é feita por meio de derivativos, como opções e contratos futuros;
- posicionar-se em ativos com desempenhos opostos no mercado. Por exemplo, o Ibovespa costuma estar contrário ao dólar.
Para entender melhor, conheça as várias formas de aplicar esse método. Conheça as principais.
Commodities
É um dos tipos de hedge mais comuns. Seu objetivo é evitar a oscilação de preços devido à oferta e demanda.
Nesse caso, os produtos fazem a venda via contratos futuros. Eles definem qual será o preço de negociação em uma data posterior.
Assim, há um controle maior do mercado. Ao mesmo tempo, existe menos prejuízo às operações e o resultado da produção é menos impactado.
Cambial
O foco principal é impedir prejuízos causados pela volatilidade das moedas. Além da proteção aos investimentos, também evita perdas no comércio exterior. Dessa forma, é possível fazer um planejamento mais estruturado.
Existem várias formas de aplicar o hedge cambial. Entre elas estão:
- com moeda em espécie: a compra da moeda é realizada quando o preço está queda. Enquanto isso, a venda ocorre em sua valorização. É uma alternativa válida para diferentes situações. Por exemplo, ao viajar;
- com contratos de mercado futuro: define condições para operações de compra e venda sobre a variação na cotação da moeda base da negociação;
- opções de compra de moeda: o investidor garante o direito de adquirir moedas futuramente com valores predefinidos. Por isso, ele pode ganhar posteriormente.
Ações
O foco é evitar os efeitos da volatilidade dos papéis da bolsa de valores. Aplica-se essa estratégia pela compra de opções de ações. Outra possibilidade é o investimento em índices beneficiados pela oscilação do mercado.
Natural
Consiste na combinação de fatores que protegem contra a volatilidade sem exigir um esforço específico para isso. As empresas exportadoras estão enquadradas nesse conceito.
Elas têm faturamento e custos, geralmente, em dólar. Portanto, quando a moeda americana se valoriza, os gastos aumentam. Ao mesmo tempo, as receitas também.
Quem pode optar pela estratégia de hedge?
A prática é indicada para investidores com alta exposição ao risco e que desejam minimizá-la. Assim, é possível limitar o potencial de perdas. Portanto, essa alternativa é válida para quem:
- tem uma carteira de ações;
- produz ativos físicos sujeitos à oscilação de preços;
- tem exposição a moedas estrangeiras em algum nível.
Existem várias técnicas simples de aplicar no mercado. Por isso, até investidores iniciantes podem utilizá-la. No entanto, é importante investir em educação financeira.
Como usar o hedge para proteger a sua carteira de investimentos?
Para adotar essa estratégia, precisa-se alocar o dinheiro em algumas alternativas de investimento. Conheça as principais.
Opções
São contratos que fornecem o direito de comprar ou vender um ativo. Já especificam qual será o valor e a data de vencimento. Por isso, fixam o valor e diminuem o impacto da volatilidade.
Contratos futuros
Representam acordos de compra e venda em que se negociam valores para uma data futura. Pode usar como base o Ibovespa, a fim de ter uma recompensa em caso de desvalorização do mercado.
ETF
Os fundos de índice replicam a composição de índices de mercado. Por exemplo, o Ibovespa. Assim, negociam-se no pregão.
Um investidor que compre um ETF de Ibovespa lucra com a alta do índice. Além disso, perde com a queda. Para utilizá-lo como hedge, é indicado operar vendido.
Isso significa vender as cotas dos fundos de índice no mercado. Assim, é possível recomprá-las quando a cotação estiver mais baixa. Desse modo, a diferença é o lucro, que compensa possíveis perdas da carteira.
Qual a diferença entre hedge, swap e diversificação?
Swap e diversificação também são formas de proteger a carteira de investimentos. No entanto, são diferentes do hedge.
Uma operação de swap consiste em um acordo para trocar riscos entre as partes envolvidas. Desse modo, a operação ocorre entre uma posição ativa e uma passiva. A primeira é o credor e a segunda, o devedor. Ainda é acordada uma data futura.
O mais comum é que essas transações envolvam moedas, taxas de juros ou commodities. Por isso, muitas vezes, utilizam-nas como sinônimos de hedge.
Por sua vez, chama-se diversificação de regra de ouro dos investimentos. Ela prevê a montagem de uma carteira variada. Por exemplo, com ativos da renda fixa e da variável.
Assim, é possível potencializar o retorno e diminuir o risco. Portanto, a procura é por ativos com correlação baixa. Assim, os ganhos de um lado compensa as perdas de outro.
Já o hedge, como visto, fixa o valor dos ativos. Por isso, não exige uma carteira diversificada nem a troca de riscos. O foco é garantir um acordo futuro que evite perdas. Por isso, nem sempre abrange o potencial de ganhos.