Existem diferentes indicadores para avaliar a situação financeira de uma empresa. Um deles é o patrimônio líquido. Isso porque ele mede todo o dinheiro que o negócio tem depois do pagamento das dívidas.
Além de relevante ao contexto corporativo, o patrimônio líquido também é útil para os investidores. Afinal, ele ajuda a definir qual ativo tende a ser a melhor escolha.
Então, que tal entender melhor o que esse indicador significa e como utilizá-lo? Confira.
O que é patrimônio líquido?
O patrimônio líquido (PL) é um indicador presente no balanço patrimonial das empresas. Ele representa a diferença entre ativos e passivos. Por isso, seu resultado mostra o valor contábil do negócio.
Diferentes fatores são considerados em seu cálculo. Eles são:
- capital social: é o valor empregado por sócios, acionistas ou titular da empresa para iniciar as atividades. Compreende toda a quantia necessária para que o negócio comece a apresentar lucro;
- reservas de capital: consistem em valores recebidos, mas sem relação com os resultados. Ou seja, não estão inter-relacionados à produção ou prestação de bens e serviços;
- ajustes de avaliação patrimonial: são resultado da análise dos bens conforme seu valor justo;
- reservas de lucros: são construídas pelos ganhos da empresa e usadas para diferentes finalidades;
- ações em tesouraria: são emitidas pela empresa e recompradas por ela. A negociação ocorre no mercado. Normalmente, são direcionadas a proventos de acionistas ou programas de incentivo a colaboradores;
- lucros ou prejuízos acumulados: compõem o total positivo ou negativo obtido na Demonstração de Resultado do Exercício (DRE). Considera todo o período de existência do negócio. Para as sociedades por ações, a Lei 11.638/2007 determina que o saldo final não pode ser credor.
Diferenças entre ativos e passivos
O PL é formado pela diferença entre esses dois fatores. Contudo, o que eles representam? Os ativos são todos os bens da empresa. Por isso, abrangem seus valores e direitos. Por exemplo:
- local físico em que a empresa funciona;
- duplicatas a receber;
- máquinas e veículos;
- patentes.
Portanto, o chamado grupo de ativos compõe toda a parte positiva do patrimônio. Isso porque ela é conversível para dinheiro. Assim, estão incluídos os bens:
- móveis: são objetos capazes de serem movimentados sem haver danos, como máquinas, veículos e estoque;
- imóveis: são objetos fixados ao solo. Por exemplo, terrenos ou estruturas de galpões logísticos;
- tangíveis: consistem em bens físicos, como dinheiro, móveis e eletrodomésticos;
- intangíveis: são os objetos imateriais. É o caso de marcas, direitos autorais, patentes e capital intelectual;
- direitos: são benefícios a receber. Por exemplo, dividendos, aluguéis, títulos e salários.
Já os passivos formam as obrigações financeiras. É o caso de:
- financiamentos;
- duplicatas a pagar;
- folha de pagamento;
- impostos;
- aluguéis a pagar.
Esse grupo de contas também é dividido. As duas classificações são:
- passivos circulantes: refere-se às contas que precisam ser quitadas em até 12 meses. Por isso, também são chamadas exigíveis a curto prazo. Por exemplo, lucros de sócios e acionistas, impostos, aluguel de escritório e pagamento de fornecedores;
- passivos não circulantes: são aqueles liquidados em um prazo maior do que 12 meses.
Alguns exemplos são financiamentos, empréstimos, pagamento de processos judiciais, pagamento de fornecedores no longo prazo etc.
Dessa forma, o indicador patrimônio líquido representa quanto de dinheiro a empresa tem após a dedução de dívidas e a liquidação dos ativos.
Como calcular o PL?
O indicador é calculado pela seguinte fórmula:
Patrimônio líquido = ativos – passivos
Por exemplo, imagine que os ativos sejam equivalentes a R$ 500 mil. Enquanto isso, os passivos somam R$ 300 mil. Assim, o cálculo do patrimônio líquido traz um resultado de R$ 200 mil. Isso porque a conta é feita da seguinte forma: 500.000 – 300.000.
Esse exemplo mostra que a empresa tem finanças saudáveis. Se fosse negativo, seria um indicativo de que a empresa vai mal.
Por que o investidor deve conhecer o PL da empresa?
Ao fazer investimentos em renda variável, é importante fazer a leitura do balanço patrimonial. Isso porque os dados demonstram o desempenho do negócio ao longo dos meses.
Além disso, a análise atenta dos grupos de ativos e passivos sinaliza erros e acertos cometidos. Se for registrado um patrimônio líquido negativo, a empresa tem problemas. Entre os principais fatores estão:
- excesso de dívidas;
- impactos de fatores externos, como crise econômica ou um desastre ambiental;
- investimentos de capital feitos de forma inadequada.
Assim, ainda que a análise do PL deva ser complementada, ela sinaliza se a empresa tende a lucrar e crescer. Isso acontece quando o patrimônio aumenta.
Dessa forma, o preço da ação se valoriza. Além disso, o pagamento de dividendos também é maior e o valor é passível de reinvestimento na compra de mais ativos.
Quais indicadores estão relacionados ao PL?
Para fazer uma análise do patrimônio líquido completo, é preciso verificar outros indicadores. Os dois principais são:
- Return on Equity (ROE): mensura o nível de efetividade da empresa ao gerar lucro. Portanto, mostra a rentabilidade em relação ao investimento realizado por acionistas;
- Preço sobre Valor Patrimonial (P/VP): está relacionado ao valuation da companhia. É calculado pela divisão da cotação do ativo pelo PL por ação. Esse indicador é mais indicado em alguns casos. Um deles é a análise de fundos imobiliários (FIIs) de Certificados de Recebíveis (CRIs). Portanto, é indicado para os chamados fundos de papel.
Ao fazer essa análise mais abrangente, é possível saber se as finanças da empresa são saudáveis. Assim, você toma decisões mais precisas na hora de investir.
Portanto, sempre atente-se ao balanço patrimonial. Nesse relatório contábil, confira o patrimônio líquido. Dessa forma, as escolhas de alocação de dinheiro serão mais seguras.